Série do Globoplay, Assédio conta a história de uma rede de mulheres que se forma para denunciar uma série de abusos sexuais cometidos por um médico,
Redação Publicado em 17/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h53
Série do Globoplay, Assédio conta a história de uma rede de mulheres que se forma para denunciar uma série de abusos sexuais cometidos por um médico, bem-sucedido e respeitado, dentro do seu consultório em São Paulo. A obra ficcional é inspirada em um caso real. Em 2010, Roger Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 56 crimes de estupro cometidos contra pacientes, denunciados por 39 vítimas. No Conversa com Bial desta terça-feira, 16/10, Ivani Serebenic e Helena Leardini relataram os abusos que sofreram e comentaram as consequências de terem saído do anonimato para denunciar Abdelmassih:
“Fui ameaçada de morte diversas vezes. Nos primeiros dias que fiz a denúncia, não podia sair na rua. As pessoas me apontavam, diziam que eu queria me prevalecer de um homem tão importante e financeiramente influente. Até hoje, há quem duvide diante de tudo o que aconteceu”, lamentou Ivani.
“Fui a primeira mulher a vir a público. Sabia que outras mulheres iam engrossar essa fila e iam tirar esse homem de circulação. Enquanto estivesse no anonimato, ele ia continuar praticando esse crime. Só que não é fácil fazer isso”, afirmou Ivani.Ivani explicou os motivos que a levaram a superar o medo, a vergonha e encarar a opinião pública:
Helena procurou as autoridades após ler uma matéria denunciando o caso no jornal. Na época, ela morava em Curitiba, no Paraná, e procurou uma delegacia da cidade:
“Através do Ministério Público, descobri que poderia derrubar a terceira defesa dele. Ali eu vi a minha força”. “Ele dizia que eram mulheres frustradas porque não tinham tidos filhos lá. Eu tive as gêmeas lá”.Após ficar três anos e meio foragido, Abdelmassih foi preso no Paraguai e teve a pena revista para 181 anos, por causa da prescrição de alguns de seus crimes. Atualmente, ele vive em prisão domiciliar em sua casa, em um bairro de classe média alta, em São Paulo.
“Claro que poderia ser melhor, mas a gente mora no Brasil. Me sinto, de certa forma, aliviada porque derrubei o que ele mais prezava na vida: o prestígio. Ele está em casa, mas não tem os amigos poderosos, não tem diploma e é apontado como um monstro”, analisou Helena.
“Eu não concordo, esse homem cometeu um crime. Perder o direito de ser médico é quase um ato administrativo. E, para crime, tem que pagar com prisão, que é o que diz a Constituição”, desabafou Ivani.
O projeto, escrito por Maria Camargo e dirigido por Amora Mautner, foi inspirado no livro “A Clínica – A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”. A produção tem 10 episódios, todos já disponíveis exclusivamente no Globoplay, e conta com Antonio Calloni, Adriana Esteves, Hermila Guedes e outros nomes no elenco. Maria, Hermila e Maria falaram sobre a adaptação dessa história para a TV:
“Achei que era importante dar o potencial simbólico que essa história tem: como um homem conseguiu cometer tantos crimes durante tanto tempo naquelas circunstâncias?”, explicou a autora. “Essa série não é sobre o monstro estuprador. Ela é sobre a potência das mulheres e o que elas fazem, inclusive, quando estão desprovidas de ajuda”, afirmou a diretora.