A apresentação do espetáculo “Blitz – O império que nunca dorme”, da Trupe Olho da Rua, terminou em confusão na noite do último domingo (30), em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com Raquel Rollo, produtora e atriz, policiais militares interromperam a apresentação, apreenderam material de produção, como um som e o cenário usado durante a peça e também algemaram um dos atores.
O tumulto começou por volta das 18h30, na Praça dos Andradas, no Centro Histórico da cidade. Um dos atores da peça, Caio Martinez Pacheco, que também é produtor e diretor, foi detido pelos policiais e obrigado a prestar depoimento e dar esclarecimentos sobre a peça. O motivo, segundo os artistas, não foi explicado.
Pacheco estava vestido com uma roupa semelhante à de um policial militar mas, em vez de calça, usava uma saia. A encenação que, inclusive tem apoio do Governo do Estado, e era apresentada para um público de cerca de 50 pessoas, fala sobre a opressão, segundo a companhia.
Segundo o grupo, a peça quer chamar atenção sobre a desmilitarização da polícia e o “exacerbado militarismo como resquício do período ditatorial”, conforme explica Raquel.
A produtora acrescentou ainda que a peça aborda a questão da violência do Estado, e que o tema incomodou os policiais militares. “Apresentamos essa peça faz um ano e isso nunca aconteceu. Um público de cerca de 50 pessoas estava assistindo ao espetáculo e todo mundo se assustou com a truculência da polícia”, afirmou.
Em nota, o comando do Policiamento da Baixada Santista afirma que requisitou os registros documentais da ocorrência e analisará a conduta dos policiais militares. A oficial que se encontrava de serviço no comando dos PM que participaram da ocorrência será ouvida e os organizadores do evento também serão convidados a prestarem informações sobre a atuação dos policiais. Após isso, os procedimentos dos PMs serão avaliados para verificar se os direitos e garantias constitucionais foram respeitados e se a ação policial atendeu os procedimentos operacionais padrão e legalidade.
Peça conta com apoio do Governo do Estado (Foto: Divulgação)