Os familiares de Carlos Eduardo Bueno de Souza, de 43 anos, que moram em Bocaina (SP), estão indignados com a demora no resgate das vítimas do acidente entre
Redação Publicado em 16/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 15h01
Os familiares de Carlos Eduardo Bueno de Souza, de 43 anos, que moram em Bocaina (SP), estão indignados com a demora no resgate das vítimas do acidente entre um rebocador e um navio no rio Amazonas, ocorrido no dia 2 de agosto.
Carlos Eduardo é um dos nove tripulantes do rebocador que estão desaparecidos – apenas dois deles foram resgatados com vida. Ele mora em Agudos (SP) com a mulher e três filhos e trabalha na Marinha Mercante há três anos.
A família de Carlos Eduardo está indignada com a demora nas buscas e até organizou um protesto contra o que considera um ato de negligência dos envolvidos no acidente e das autoridades responsáveis pelo resgate.
Passados 13 dias do acidente, Kélida Bueno de Souza, irmã da vítima, explica que chegou a conversar com um dos sobreviventes. Para ela, houve negligência das empresas envolvidas – Bertolini, dona do rebocador, e Mercosul, responsável pelo navio – e da Marinha.
“O amigo dele disse que ambos ficaram submersos, presos numa cabine, e ao tentarem sair por uma porta a sucção da água puxou Carlos Eduardo para fora da embarcação. Acho que houve negligência de resgate por parte das empresas e da Marinha. Pra eles, a vida não tem valor, apenas a carga tem valor – desabafou Kélida.
O rebocador com nove balsas carregadas com grãos afundou no rio Amazonas, no Pará, depois de bater em um navio cargueiro na madrugada do dia 2 de agosto. As embarcações seguiam em sentidos opostos.
Uma equipe da Capitania Fluvial deu apoio nas buscas. Das onze pessoas que estavam no rebocador, nove tripulantes e dois passageiros, apenas duas foram socorridas e levadas de lancha pra Santarém (PA).
O rebocador foi encontrado cinco dias após o acidente, a 15 quilômetros de distância de onde aconteceu a colisão e a 63 metros de profundidade. A falta de visibilidade e a correnteza dificultam os trabalhos de resgate.
A Capitania Fluvial de Santarém, no Pará, aguarda as informações da caixa preta do navio para abrir um inquérito que deve investigar as causas do acidente.
A Transportes Bertolini, dona do rebocador que afundou, informou através do site da empresa que está recebendo propostas de especialistas nesse tipo de resgate e vai decidir qual deles contratar. A Mercosul Line, responsável pelo navio, disse que auxiliou as equipes nas buscas pelo rebocador e continua dando assistência às autoridades do Pará para encontrar os tripulantes que estão desaparecidos.
Além da indignação pela demora no resgate, a família de Carlos Eduardo revela toda a dor de não saber o que exatamente aconteceu com ele. A mãe de Carlos Eduardo, Cleusa Boconcelo, diz que quer o filho de volta, de qualquer jeito.
“Às vezes imagino que ele está vivo, outras que ele tá sofrendo, daí até mesmo que está morto. Quando falaram que encontraram a embarcação, achei que já iam tirar, mas foi só conversa e já faz 13 dias que meu meu filho está debaixo d’água. Morto ou vivo, eu quero meu filho”, diz a mãe.
Já a esposa do tripulante, Fernanda Lazari de Souza, se desespera ao relatar o sofrimento da família, em especial dos filhos.
“Para a pequena, de 6 anos, pedi ajuda de uma psicóloga, ela olha para o céu, procura o pai. O mais velho quer ver o pai de qualquer jeito”, diz a mulher de Carlos Eduardo.