Todos os reservatórios que abastecem a Grande SP estão em déficit em relação a 2013, pré-crise hídrica; especialista prevê falta de água em 2022

Todos os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão nesta terça-feira (31) em déficit de armazenamento de água em relação a 2013,

Todos os reservatórios que abastecem a Grande SP estão em déficit em relação a 2013, pré-crise hídrica; especialista prevê falta de água em 2022 -

Redação Publicado em 01/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h27

Todos os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão nesta terça-feira (31) em déficit de armazenamento de água em relação a 2013, ano que antecedeu a última crise hídrica, de acordo com dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No total de volume armazenado, a diferença é de 19,2 pontos percentuais.

A comparação com 2013 ajuda a entender a gravidade da situação atual. Se em 2013 tínhamos mais água disponível e houve crise de abastecimento nos dois anos seguintes, a situação atual aponta para uma provável falta de água nas casas da Grande São Paulo no ano que vem, de acordo com o pesquisador Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).

“Sistematicamente, conforme indicavam as previsões climáticas realizadas desde o final do ano passado – e atualizadas mensalmente – a situação dos mananciais está piorando. Hoje, temos que todos os sistemas produtores disponíveis em 2013 estão em situação pior. Como resultado, temos 19,2 pontos percentuais menos água armazenada em 2021 do que no mesmo período de 2013. Isso reforça a perspectiva de que esta nova crise hídrica se transforme em uma crise de abastecimento em 2022.”

Para piorar, a previsão para os próximos meses segue sendo de menos chuva e mais seca.

Nesta terça-feira (31), o Sistema Cantareira, principal fornecedor de água na região e responsável por abastecer 7,2 milhões de pessoas diariamente, opera com 37,1% de seu armazenamento, uma diferença de 10,2 pontos percentuais em relação aos 47,3% armazenados no mesmo 31 de agosto de 2013.

A situação atual do Cantareira é considerada estado de alerta, caracterizada por volume igual ou maior do que 30% e abaixo de 40%. Para ser considerado normal, o reservatório precisa operar com pelo menos 60% de sua capacidade.

O segundo reservatório mais importante da região é o Alto Tietê, que abastece 5,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Ele opera nesta terça-feira com 44,6% de seu volume, 14 pontos percentuais abaixo do que o registrado em 2013.

A situação mais grave é do sistema Rio Claro, que abastece 1,3 milhão de pessoas. Nesta terça-feira, ele opera com 44,1% de armazenamento, uma queda de 54 pontos percentuais em relação aos 98,1% de 31 de agosto de 2013.

Apenas o sistema São Lourenço não está em déficit, já que começou a operar em 2018 e a comparação se torna impossível, portanto. A contribuição dele é a menor dentre todos os reservatórios, abastecendo 1,1 milhão de pessoas por dia.

Questionada, a Sabesp disse que o sistema atual de interligação entre os reservatórios permite transferência de águas entre as regiões, mas não esclarece como isso pode ajudar na situação atual, quando todos os reservatórios estão com baixo armazenamento.

“A situação atual dos reservatórios coloca por terra aquela suposição de que um sistema produtor poderia compensar a redução de capacidade de outro sistema. Hoje, todos sistemas que operavam em 2013 estão em situação pior. O Sistema São Lourenço, que passou a operar em 2018, atende a pouco mais de 5% do consumo da região metropolitana de São Paulo. Ele não tem capacidade de reverter a situação de escassez em outros sistemas produtores”, afirma Côrtes.

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G1

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