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Resultado das eleições na Venezuela: Entre inconsistências, inadvertência, falta de reconhecimento internacional e possíveis manobras para a perpetuação do poder

O processo eleitoral no país é frequentemente acusado de irregularidades e manipulações

Nicolás Maduro. - Imagem: Reprodução | Redes Sociais

Agenor Duque Publicado em 29/07/2024, às 06h00 - Atualizado em 30/07/2024, às 06h00

As recentes eleições na Venezuela têm sido um foco de intensos debates e controvérsias, especialmente entre os grupos que não se alinham a governos totalitários. O processo eleitoral no país, que deveria ser um exemplo de democracia, é frequentemente acusado de irregularidades e manipulações. Analistas políticos tem se manifestado sobre o pleito eleitoral, analisando de variadas formas quão complexo é o sistema eleitoral venezuelano e as falhas que têm minado a confiança pública.

O sistema eleitoral na Venezuela é caracterizado pelo uso de urnas eletrônicas e uma infraestrutura tecnológica que deveria garantir a transparência e a precisão dos resultados. No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável por supervisionar o processo, tem sido alvo de críticas por sua falta de imparcialidade. A legislação eleitoral é complexa, e as eleições incluem a votação para cargos presidenciais, legislativos e municipais, além de referendos. As máquinas de votação e o registro de eleitores são, teoricamente, projetados para evitar fraudes, mas a realidade mostra um cenário diferente.

Uma das principais falhas apontadas no processo eleitoral venezuelano é a falta de transparência. Observadores independentes têm acesso limitado, e muitas vezes são impedidos de realizar uma fiscalização adequada. Além disso, há denúncias recorrentes de coerção de eleitores, manipulação de urnas e intimidação política. A oposição frequentemente alega que o governo usa recursos públicos para influenciar os resultados, o que compromete ainda mais a integridade do processo.

María Corina Machado, uma das líderes da oposição, afirma que a oposição venceu as eleições com expressivos 70% dos votos, o que ficou evidenciado em todas as atas das seções eleitorais divulgadas e na selfie tirada por um chavista direto do Centro de Informática, mostrando gráficos indicativos de vitória da oposição com folga. Essas atas deveriam ser enviadas ao CNE, o que não ocorreu em boa parte do 15 mil locais de votação. Machado denuncia que o CNE manipulou os resultados ao final do processo para favorecer o governo, o que é corroborado por várias inconsistências nos números oficiais.

Outro dos pontos controversos das recentes eleições foi o resultado divulgado pelo CNE, que totalizou 132,2% dos votos, uma discrepância aritmética que é impossível em um processo eleitoral realizado com lisura. Este erro grotesco demonstra o descaramento de líderes ditadores, mas também chamou a atenção internacional e levantou sérias dúvidas sobre a legitimidade do processo. Tais inconsistências são indicativas de manipulação deliberada dos números para beneficiar o ditador, e atual tirano venezuelano, Nicolás Maduro.

O CNE tentou justificar a discrepância alegando um erro interno de equipe, o que é argumento insuficiente e que somente engrossa as fileiras dos motivos elencados para a forte suspeita de fraude no processo. Um erro dessa magnitude sugere problemas sistêmicos e, mais grave ainda, a possível conluio entre CNE e o governo Maduro para manipular os resultados.

Devido a essas irregularidades, muitos países e organizações internacionais se recusaram a reconhecer os resultados das eleições. A União Europeia, os Estados Unidos e vários países latino-americanos têm expressado sua preocupação com a falta de transparência e a violação dos princípios democráticos na Venezuela. A falta de reconhecimento internacional isola ainda mais o governo de Maduro que teve apoio apenas de seus iguais, governos igualmente tiranos, como o de China, Honduras, Rússia, Cuba e Bolívia, que tomam e mantêm o poder à força, e fortalece a posição da oposição, que continua a exigir novas eleições sob supervisão internacional independente.

As eleições na Venezuela continuam a ser um exemplo claro de como um processo eleitoral pode ser corrompido por falhas sistêmicas e, principalmente, como parece evidente, manipulação política. Fica claro assim a complexidade do sistema eleitoral venezuelano e as inúmeras irregularidades que têm minado a confiança pública. As alegações de fraude, inconsistências nos resultados e a falta de reconhecimento internacional evidenciam a sede dos tiranos por se manterem no poder e reforçam a necessidade de uma reforma profunda no processo eleitoral do país para garantir eleições livres e justas.

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