A adolescente Maria Pennachin, de 16 anos, desenvolveu um canudo biodegradável à base de inhame no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, em
Redação Publicado em 02/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h51
A adolescente Maria Pennachin, de 16 anos, desenvolveu um canudo biodegradável à base de inhame no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, em Campinas (SP). Além de poder ser descartado na natureza sem causar prejuízos para a fauna e a flora, o biocanudo é maleável e até mesmo comestível.
A proposta deu tão certo que a aluna vai apresentá-la em uma feira internacional em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, em setembro de 2019.
Ela conta que o projeto partiu da recente discussão sobre o descarte de canudos de plástico na natureza e a proibição de sua circulação. “Me despertou muito [o interesse] quando começou a aparecer essa problemática. Quando vem uma proibição, precisa de uma alternativa. Então eu mesma quis ir atrás dela”, relata Maria.
Em julho deste ano, a blogueira de Campinas Marina Batista Francisco questionou a proibição do uso dos canudos convencionais. Ela tem uma deficiência física que a impede, entre outras coisas, de levantar o copo para ingerir os alimentos.
“A gente usa o canudo de um jeito diferente. Não é só colocar na ponta da boca e já foi. O apoio que a gente faz é outro. A gente ajeita o canudo, fixa ele dentro, deixa ele encostar no céu da boca. E só quando a gente está seguro, a gente suga. E suga com cuidado, tentando não deixar ele mexer”, afirma a blogueira.
O biocanudo não tem gosto de inhame nem de nenhum outro ingrediente que vai na sua “massa”. Além disso, ele não dissolve no líquido. Mesmo assim, Maria, que frequenta o 2º ano do Ensino Médio, tem outras ideias para melhorar seu produto.
“Quero investigar e ir mais além na firmeza: fazer uma linha vegana, porque a gelatina [um dos ingredientes na composição] não atenderia esse público, e fazer uma coisa mais interessante para o público infantil”, diz a aluna.
Para chegar na atual fórmula, Maria realizou uma série de testes e contou com a orientação de duas professoras: Aloísa Morreto e Cláudia Caniati. Segundo a professora Aloísa, as disciplinas na escola que trabalham desenvolvimento de projetos são focadas no meio ambiente. “Esse ano, o tema sugerido foi a questão dos resíduos sólidos”, diz.
A aluna conta que, na fase de testes, usou diferentes ingredientes e, analisando os resultados, foi regulando a receita.
“Além do inhame, usei outros ingredientes nos testes. Inclusive coloquei vinagre. Nos que eu coloquei menos, teve o aparecimento do fungo. Fui regulando o tanto que precisava de cada ingrediente e obtive a massa final”, explica.
Maria diz que observava o inhame na culinária quando teve a ideia de aplicá-lo na área do bioplástico. “Eu já era uma consumidora e só de observar na cozinha a ‘baba’ que ele solta, achei interessante. Quando comecei a trabalhar com bioplástico, [pensei em] acrescentá-lo, por ser pouco explorado nessa área”, conta.
A primeira conquista do projeto foi o 1º lugar na edição deste ano da Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit), na categoria meio ambiente. O ouro garantiu a Maria o credenciamento para representar o Brasil na feira dos Emirados Árabes.
“Nós estamos buscando patrocínio de quem possa colaborar e investir no projeto”, finaliza a professora Cláudia.
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