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A polarização se alimenta de intolerância e desinformação

Por Marcelo Emerson*

marcelo emerson
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Redação Publicado em 31/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h53


Por Marcelo Emerson*

A polarização se alimenta de intolerância e desinformação

Ano de eleições presidenciais e ainda vivemos uma forte polarização ideológica. É curioso que isto não é invenção brasileira, pois já existe desde os primórdios das sociedades humanas.

Uma das mais ferrenhas disputas se deu durante a Guerra Fria, que dividia o planeta em dois blocos de países que se separavam em decorrência das opções ideológicas. De um lado, o oriente, liderado pela antiga União Soviética, adepta do regime comunista; do outro, o ocidente, capitaneado pelos Estados Unidos, sob regime político-econômico capitalista.

Naquela época, nem os artistas ficavam livres das consequências das disputas ideológicas. Cito aqui o exemplo da banda alemã Accept, que lançou um disco intitulado “Russian Roulette” em 1986. Além do título, o que causou polêmica foi a capa do disco, que trazia os membros da banda em trajes típicos russos, em alusão ao título, “Roleta Russa”.

Consequência: toda a turnê pelo Leste Europeu foi cancelada, pois havia hegemonia da ideologia comunista naquela região e havia a acusação de que a banda havia “debochado” dos russos.

Do outro lado do espectro ideológico em disputa o Accept não teve melhor aceitação com seu novo álbum, pois os norte-americanos pensavam que a banda havia se tornado “comunista”.

Os membros da banda afirmaram que o tema da capa representava a crítica à guerra, que seria uma espécie de roleta russa, um jogo estúpido que causa morte e sofrimento, no qual as partes envolvidas sabem como o jogo começa, mas não sabem como o mal poderá terminar.

As polarizações sobrevivem melhor em ambientes de intolerância e desinformação. Hoje, as redes sociais dão o tom dos debates políticos e nelas há multidões de militantes virtuais que resumem a disputa ideológica de forma simplória: quem é “de direita, deve apoiar Bolsonaro; para quem está à esquerda, só pode restar apoiar o Lula”.

Claro que tal simplificação é equivocada e rasa, mas a polarização tupiniquim já está posta.

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