Por Kleber Carrilho*
Redação Publicado em 26/03/2022, às 00h00 - Atualizado em 01/04/2022, às 12h38
Por Kleber Carrilho*
Esta é a última semana para quem quer concorrer a algum cargo nas eleições de 2022 arranjar um partido. E isso cria uma corrida desembestada. Candidatos sem votos suficientes procuram partidos que garantam cadeiras, e partidos procuram quem tem votos para garantir os lugares na Câmara dos Deputados e nas Assembleias.
Com exceção de quem está em um partido por motivos ideológicos (e isso é raro no Brasil), todos estão à procura também de uma coisa fundamental: dinheiro para fazer campanhas.
Isso porque, com o fundo eleitoral aprovado, alguns partidos vão ter centenas de milhões de reais para distribuir para o desenvolvimento de campanhas: comunicação, mobilização, contabilidade, advogados, todos estão fazendo as contas de quanto vão gastar para conquistar os votos.
Com a possibilidade de impulsionar conteúdos nas redes sociais, os estrategistas estão também de olho nas ferramentas para distribuir conteúdos que façam sentido e comuniquem de forma clara para quem pode ser eleitor.
Ao contrário de 2018, em que pouca gente tinha capacidade de entender como ocorria a emissão de mensagens pelas redes, agora isso se tornou um ambiente concorrido, com profissionais e formas disponíveis para quem, é claro, tiver os recursos dos partidos.
Como a distribuição do dinheiro, em cada partido, segue os desejos dos caciques, também é hora dos contratos que serão (ou não) cumpridos, de acordo com o que pode resultar em poder para quem tem o partido nas mãos.
De projetos, ideias, possibilidades de discussão sobre o futuro, quase nada. Afinal, o que vale agora é tentar conquistar ou manter poder.
E tem mais: com chapas mais enxutas e a possibilidade de que os partidos formem federações, muitas surpresas vão acontecer. É possível que gente que está presente há muito tempo na Câmara e nas Assembleias acabem ficando de fora.
Isso sem falar nas dúvidas sobre a aproximação ou não das campanhas para deputados das candidaturas para o Executivo. Por exemplo, veja a dificuldade do Centrão: se todos se aproximarem tão claramente de Bolsonaro, o que farão se ele não ganhar? Por isso, para eles, sempre é importante manter a possibilidade de participar de um governo Lula desde o primeiro dia, se o ex-presidente for eleito.
Este texto, que parece confuso, é um reflexo do cenário, em que todos procuram explicações, possibilidades de antecipação do futuro, para ter certeza de que vão ter poder. E isso é o que é a cara da política brasileira: poder no curto prazo.
Para muitos dos nossos líderes, no futuro a gente fala sobre o futuro futuro. Agora, o intuito é se agarrar com unhas e dentes as cadeiras e os recursos públicos disponíveis.
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