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A evolução extraordinária de Bruno Prado como comentarista esportivo

Imagem A evolução extraordinária de Bruno Prado como comentarista esportivo

Redação Publicado em 03/07/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h25


Quando pai e filho desenvolvem a mesma atividade profissional, ser pai do filho é só motivo de orgulho. Ser filho do pai, porém, embora possa envaidecer, acaba também, em muitos casos, por empalidecer a imagem de quem é visto por esse prisma.

Em 1985 nascia um menino que levaria no nome uma vantagem profissional, e, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade pessoal. Por ser filho de Flávio Prado, um dos mais conhecidos e competentes comentaristas esportivos do país, Bruno Prado teria no sobrenome uma boa oportunidade de abrir as portas para a carreira.

Bônus e ônus do nome

Não é fácil descobrir os caminhos que possam levar aos microfones das emissoras de rádio, nem às câmeras das empresas de televisão. Ainda que a pessoa tenha competência, irá concorrer com jornalistas bem preparados e experientes no exercício de suas funções. Muita gente boa, depois de insistentes tentativas, desiste e fica pelo caminho.

O sobrenome Prado, portanto, acaba por se transformar na chave que poderia remover alguns desses obstáculos. Entrar nesse mundo, entretanto, é uma coisa; permanecer nele é outra totalmente distinta. Bruno sabia que teria um constante desafio pela frente: corria o risco de ser eternamente o filho de Flávio Prado.

Tenho esse exemplo em casa. Nessas mais de quatro décadas como professor de oratória consegui uma boa projeção profissional. A minha filha, Rachel, resolveu abraçar a mesma atividade. Hoje, depois de 25 anos atuando no ensino da arte de falar em público e com nove livros publicados sobre esse tema, ela se destacou e tem o próprio espaço profissional. É reconhecida em todo o país pela excelência do seu trabalho.

Ah, você é filha dele, né?

No início, todavia, era obrigada a ouvir: ah, você fala bem em público! Mas também, né? é filha do Polito! Como se a oratória fosse uma habilidade assimilada por DNA. Essa menina teve de se dedicar, estudar e trabalhar muito para atingir o nível que possui agora! Tudo com mérito próprio. Hoje é uma querida parceira, que divide os palcos comigo com desenvoltura e extremo profissionalismo.

Acredito que esse tenha sido o caso do menino Bruno Prado. Determinado a ter sua própria luz, não se acomodou na força do nome. Foi à luta e se preparou. Ele se formou em jornalismo. Era o primeiro requisito de que precisava para percorrer os labirintos da profissão.

Foi à luta cedo

Pouco mais que uma criança, aos 18 anos, deu início à carreira, atuando como produtor na rádio Transamérica. Era a oportunidade de conhecer todos os segredos dos bastidores das emissoras radiofônicas. Permaneceu ali por cerca de dois anos, de 2003 a 2005.

O batismo como comentarista aconteceu bem longe do grande centro. Deu os primeiros passos na rádio Piracema de Pirassununga. Foi nessa emissora que, provavelmente, aprendeu a impostar a voz, a aprimorar o vocabulário e a descrever com eficiência os eventos esportivos.

Em 2005, mais experiente, foi se aproximando de São Paulo. Atuou na 105 FM de Jundiaí por longos nove anos. Daí para a frente não parou mais de aprender e de se aperfeiçoar. Trabalhou no Portal Terra por oito anos e na Rede TV por sete. Mostrou sua competência com louvor, pois abocanhou os prêmios “Revelação” e de “Melhor Comentarista da TV aberta brasileira” concedidos pela Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Chegou à Jovem Pan

Finalmente, em 2015, com todo esse aprendizado e premiações conquistados ele se integra à equipe esportiva da Jovem Pan. Que desafio! Ali reinava o pai. Aquele com quem seria comparado e até confrontado. Precisaria ter muita estatura profissional, pois, aos olhos de muitos, Flávio, poderia até se transformar em uma sombra capaz de obscurecer seu brilho.

Como era esperado, suas apresentações iniciais foram quase tímidas, bem calculadas. Afinal, não podia errar. Com o tempo, sua competência foi aflorando, se deixando revelar. Sua fala meio monótona, excessivamente pausada e sem muita energia se transformou. Ele toma corpo, se sobressai. Passa a se expressar com voz firme, sonora, bem timbrada, projetando uma personalidade forte, marcante e confiante. Os gestos são harmoniosos, naturais e elegantes.

Estudioso e possuidor de memória invejável, demonstra estar muito bem preparado nas análises e nos comentários de todos os temas que aborda. Ganha destaque e impõe seu protagonismo. Bruno é hoje, sem dúvida, um dos melhores comentaristas esportivos da história do rádio e da televisão do Brasil.

Ninguém o vê mais apenas como o “filho de Flávio Prado”. Ao contrário, se Flávio não possuísse a carreira tão bem construída e a competência profissional tão bem projetada, talvez passasse a ser visto, ele sim, como o “pai de Bruno Prado”. Siga pelo Instagram: @polito

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