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A Democracia de Putin (Made in K.G.B.)

Dennis Munhoz

A Democracia de Putin (Made in K.G.B.)
A Democracia de Putin (Made in K.G.B.)

Redação Publicado em 26/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 20h56


Dennis Munhoz


A Democracia de Putin (Made in K.G.B.)

Para quem tem 40 anos ou mais e acompanhou, mesmo que superficialmente a política externa, tem esta sigla gravada na memória relacionada a poder e medo.


A K.G.B. foi a poderosa e temida polícia secreta da antiga União da Repúblicas Socialistas Soviéticas,atual Rússia, que ainda tem muitas características em comum.


Guardadas as devidas proporções, esta “polícia” em muito se assemelhava à polícia de Estado da Alemanha nazista, a famigerada SS, que posteriormente tornou-se o exército particular do partido nazista.


O atual (e parece ser eterno) Presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi até o final da década de 1990 figura de alto escalão no serviço secreto soviético. Mandava prender e soltar! Foi chefe dos serviços secretos soviéticos até ser nomeado por Boris Yeltsin (primeiro Presidente da Federação Russa) Primeiro-Ministro da Rússia, em 1.999.

Faz 18 anos que Putin exerce o cargo de Presidente (2000 a 2008 e 2012 até hoje), e 4 anos (2008 a 2012) o de Primeiro-Ministro, resumindo, mais de 22 anos no topo do poder. No breve intervalo que não foi Presidente, cuidou de colocar seu fiel subordinado, Dmitri Medvedev, para cumprir suas ordens.


Como seu mandato terminaria em 2024, e ele já foi reeleito, não poderia concorrer, todavia o parlamento mudou a Constituição com o placar de 383 a zero, (caramba, que cara popular!) para presentear o eterno Presidente com mais 12 anos de poder, garantindo sua permanência até 2036 quando completaria 36 anos governando e 84 anos de idade. Nada é tão ruim que não possa ser piorado. Vale lembrar que as eleições na Rússia são através do voto direto e Putin foi reeleito em 2018 com quase 70% dos votos.

Lógico que se trata de ditador disfarçado de democrata, com o auxílio luxuoso do Parlamento e seus “camaradasoligarcasdetentores de fortunas incalculáveis dentro e fora da Rússia.


Muitas denúncias sobre mortes e desaparecimentos de opositores foram divulgadas pela imprensa internacional nos últimos anos, inclusive supostos casos de envenenamento como o de Alexei Navalny ocorrido em agosto de 2.021.


Após a invasão da Criméia em 2014 comandada pelo “popular” Presidente Putin, a Europa e Estados Unidos colocaram algumas sanções econômicas contra a Rússia, todavia,não fortaleceram a OTAN nem tampouco acompanharam a evolução tecnológica das armas de guerra das forças armadas russas.  A invasão da Ucrânia mostra ao mundo mísseis hipersônicos e caças russos de última geração (SU-57) que impressionaram os especialistas no assunto. Para se ter idéia, oscaças alemães sequer têm condições de combate.

Enquanto outros líderes mundiais pareciam estar mais preocupados como saudar os 60 gêneros diferentes em discurso, como ocorreu no parlamento alemão em 2.016, quando um parlamentar levou mais de dois minutos para enunciar todas as identidades de gênero, ou praticamente endeusar a ativista Greta Thunberg, ingenuamente acreditaram que Putin havia mudado e o mundo seria cor de rosa. Como se fala aqui nos Estados Unidos: “Freedom is not free” que na tradução livre seria: “Liberdade não é de graça”.


Putin nunca respeitou ou se preocupou coma paz ou democracia, quando se manteve quieto foi para tramar e se preparar para exercer sua força ditatorial. Estrategicamente, acumulou reservas superiores a 600 bilhões de dólares porque sabia que a única atitude adotada pelos ingênuos líderes americanos e europeus seriam as econômicas. Hoje, ele mostra ao mundo seu poderio bélico e deixa claro que não aceitará qualquer acordo diferente da sua vontade.

Como diria o saudoso jornalista Joelmir Beting: Para pensar na fila do banco. Será que Putin teria invadido a Ucrânia se o Presidente dos Estados Unidos fosse o Trump ou o Regan???

Revisão: Moacyr Victor Minerbo

Dennis Munhoz é jornalista e advogado, foi Presidente da TV Record e Superintendente da Rede TV, atualmente atua como apresentador e jornalista da Rede Mundial nos Estados Unidos

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