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A busca no Canadá pelos corpos de milhares de crianças indígenas desaparecidas

A descoberta preliminar na semana passada dos restos mortais de 215 crianças indígenas – alunos do maior colégio interno do Canadá – gerou revolta em todo o

A busca no Canadá pelos corpos de milhares de crianças indígenas desaparecidas
A busca no Canadá pelos corpos de milhares de crianças indígenas desaparecidas

Redação Publicado em 04/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h28


A descoberta preliminar na semana passada dos restos mortais de 215 crianças indígenas – alunos do maior colégio interno do Canadá – gerou revolta em todo o país e apelos pela busca por outros corpos em valas comuns.

A revelação chamou a atenção para uma investigação em andamento pela Primeira Nação Tk’emlúps te Secwépemc, no oeste do Canadá, sobre as mortes de alunos de internatos.

Estes colégios internos administrados pelo governo faziam parte da política para tentar incorporar as crianças indígenas à sociedade canadense e destruir as culturas e as línguas indígenas.

O que sabemos sobre as descobertas preliminares?

Na última semana de maio, a chefe dos Tk’emlúps te Secwépemc, Rosanne Casimir, anunciou que os restos mortais de 215 crianças haviam sido encontrados perto da cidade de Kamloops, no sul de British Columbia.

Acredita-se que alguns sejam de crianças de apenas três anos.

Todas as crianças haviam estudado na Kamloops Indian Residential School — a maior instituição do tipo no sistema de internatos do Canadá.

Os restos mortais haviam sido encontrados dias antes do anúncio com a ajuda da tecnologia de radar de penetração no solo, conforme explicou Casimir, após o trabalho preliminar de identificação dos locais de sepultamento no início dos anos 2000.

O relatório final sobre a descoberta está previsto para ser divulgado em meados de junho, e as conclusões preliminares podem ser revisadas. Líderes e defensores indígenas acreditam que o número de 215 aumente.

“Lamentavelmente, sabemos que muitas outras crianças estão desaparecidas”, afirmou Casimir em comunicado na semana passada.

Milhares de crianças morreram em internatos — e seus corpos raramente voltavam para casa. Muitas foram enterradas em sepulturas abandonadas.

Até hoje não há um panorama completo do número de crianças que morreram, das circunstâncias de suas mortes ou de onde estão enterradas. Iniciativas como a da Primeira Nação Tk’emlúps te Secwépemc estão ajudando a reunir um pouco dessa história.

A escola, que funcionou de 1890 a 1969, chegou a abrigar 500 alunos indígenas ao mesmo tempo, muitos deles enviados para morar no internato, a centenas de quilômetros de suas famílias. Entre 1969 e 1978, a instituição foi usada como residência para estudantes que frequentavam escolas locais.

Dos restos mortais encontrados, acredita-se que 50 crianças já tenham sido identificadas, segundo Stephanie Scott, diretora-executiva do Centro Nacional para a Verdade e Reconciliação. Suas mortes datam de 1900 a 1971.

Mas no caso das outras 165, não há registros disponíveis para marcar suas identidades.

As crianças “acabaram em valas comuns”, diz Scott.

“Não identificadas, desconhecidas.”

A descoberta gerou revolta na população canadense, com pessoas criando memoriais improvisados ​​por todo o país.

Mas para os líderes indígenas, a descoberta não foi algo inesperado.

“A indignação e a surpresa da população em geral são bem-vindas, sem dúvida”, declarou Perry Bellegarde, chefe nacional da Assembleia das Primeiras Nações.

“Mas o relatório não é surpreendente.”

“Os sobreviventes vêm dizendo isso há anos e anos — mas ninguém acreditava neles”, acrescentou.

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G1

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