Juíza foi afastada do caso depois que os advogados questionaram a imparcialidade da corte
Marina Milani Publicado em 19/02/2024, às 07h48
Um importante julgamento na Alemanha envolvendo o principal suspeito no caso do desaparecimento de Madeleine McCann foi adiado de forma abrupta na sexta-feira (16). A razão para o adiamento foi a oposição dos advogados do acusado, Christian Brückner, à participação de uma juíza na audiência, devido a postagens feitas por ela contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os advogados de Brückner alegaram que a juíza expressou opiniões "radicais" nas redes sociais e incitou a violência contra Bolsonaro em posts publicados em agosto de 2019. As publicações, reproduzidas em inglês, português e alemão, foram consideradas motivo de contestação.
A juíza em questão fazia parte de um painel de cinco juízes responsáveis por apreciar o caso, dos quais três são juízes profissionais e dois são cidadãos que atuam como juízes leigos. Na Alemanha, onde os julgamentos não contam com jurados, os juízes leigos desempenham um papel semelhante de representação do público no caso.
Após uma breve suspensão no tribunal, ficou decidido que o processo seria adiado enquanto as reivindicações eram examinadas. O julgamento deverá ser retomado em uma semana, após a resolução desta controvérsia.
Contexto
Brückner foi a julgamento na sexta-feira enfrentando três acusações de estupro e duas de abuso sexual, datadas de um período entre 2000 e 2017. Os casos ocorreram em Portugal e não estão relacionados ao desaparecimento de Madeleine.
Madeleine McCann desapareceu em 2007, aos 3 anos, de um apartamento de veraneio na Praia da Luz, no Algarve, Portugal. O caso permanece sem solução após 17 anos e gerou grande repercussão internacional.
Imediatamente após o desaparecimento, Brückner não foi investigado. Entretanto, investigadores alemães o apontaram como principal suspeito em junho de 2020, tratando o caso como homicídio. Apesar disso, Brückner nunca foi formalmente acusado pelas autoridades portuguesas.
As acusações que ele enfrenta no tribunal alemão dizem respeito a cinco crimes de natureza sexual cometidos em Portugal, incluindo estupros e abuso sexual.
O julgamento está ocorrendo no Estado da Baixa Saxônia, no noroeste da Alemanha, onde Brückner foi oficialmente registrado como residente pela última vez.
O que pode acontecer
De acordo com o Código Penal alemão, Brückner poderá ser condenado a uma pena de 5 a 15 anos de prisão se for considerado culpado. Seu advogado afirmou que as acusações são baseadas em fatos "questionáveis".
Brückner nasceu na Baviera, Alemanha, em dezembro de 1976. Procuradores alegam que ele viveu "de forma mais ou menos permanente" no Algarve entre 1995 e 2007, onde trabalhava em bicos.
Este julgamento poderá determinar se ele permanecerá na prisão após cumprir uma sentença de sete anos por estuprar uma turista americana de 72 anos em 2005, na Praia da Luz. A sentença atual deverá terminar em dezembro de 2026.
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