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Como os juros nos EUA afetarão a reunião do Copom desta semana?

Brasil enfrenta desafios com juros mais altos e mudança na meta fiscal interna; investidores aguardam a decisão do Copom que será anunciada nesta semana

Banco Central - Imagem: Reprodução / Agência Brasil
Banco Central - Imagem: Reprodução / Agência Brasil

por Marina Milani

Publicado em 06/05/2024, às 08h24


Em pleno feriado de 1º de Maio, não havia um economista brasileiro que tivesse ficado desligado da reunião de política monetária dos Estados Unidos. "Nos últimos meses, não houve novos progressos em direção ao objetivo de inflação de 2%", informou o colegiado, reforçando que os indicadores recentes da economia norte-americana continuaram se expandindo "em um ritmo sólido". "A inflação ainda está muito alta", disse Powell.

"Progressos adicionais para derrubá-la não estão garantidos e o caminho a seguir é incerto. É provável que ganhar maior confiança demore mais do que o esperado anteriormente."

A decisão do Federal Reserve (Fed) de manter os juros inalterados, como amplamente esperado, era uma notícia que não surpreendia os economistas brasileiros. Contudo, a preocupação expressa pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em relação à falta de avanço no processo de desinflação nos EUA trouxe uma dimensão decisiva para o trabalho nos próximos meses.

Para o Brasil, esse impasse nos EUA é crucial, uma vez que juros mais altos em um país desenvolvido tornam os emergentes menos atrativos para investimentos. Além disso, a recente mudança na meta fiscal no Brasil tem agravado a situação internamente.

Com as pistas fornecidas pelo Fed em mãos, os investidores agora aguardam os sinais que serão enviados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil, que se reunirá nessa quarta-feira (08). Embora o Copom tenha sinalizado anteriormente um corte adicional de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, há incertezas quanto à sua concretização, tanto devido a um eventual endurecimento do Fed quanto à questão fiscal brasileira.

A preocupação do Fed com a inflação nos EUA, que permanece acima da meta de 2% ao ano, levanta dúvidas sobre os próximos passos em relação à política monetária. Embora os dados recentes da economia norte-americana tenham mostrado um mercado de trabalho aquecido e uma reversão na trajetória da inflação, o Fed ainda não está convencido de que a atual postura restritiva deva ser alterada.

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que provavelmente levará mais tempo do que o esperado para que as autoridades do BC dos EUA ganhem a confiança necessária para iniciar cortes nas taxas de juros. No entanto, ele considerou improvável um aumento nas taxas de juros na próxima decisão.

A reação do mercado ao discurso de Powell foi marginalmente positiva, com uma queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos. Isso reflete a expectativa de que os cortes nos juros nos EUA foram adiados, mas não descartados.

No cenário brasileiro, a decisão do Fed traz uma certa tranquilidade para o Banco Central (BC), que provavelmente seguirá com o plano de redução da taxa básica de juros, a Selic, sem alterar sua estratégia de política monetária. A expectativa é que a Selic encerre o ano entre 9,5% e 9,75%.

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