Banco Central pode intervir para a valorização do dólar?

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiram o atual cenário econômico internacional, destacando a incerteza que tem afetado a capacidade de previsão do BC diante da crise. Em coletiva realizada nesta quinta-feira (18), Campos Neto enfatizou que a autoridade monetária só irá intervir no câmbio em caso de disfuncionalidade nos mercados.

Campos Neto ressaltou a importância do câmbio flutuante como um absorvedor de choques econômicos externos, destacando que a intervenção contra algo estrutural pode gerar distorções em outras variáveis macroeconômicas. Ele apontou três cenários atuais: prolongamento da incerteza, retorno à normalidade após algumas semanas e continuidade da turbulência externa, que resultaria em uma reprecificação pelo mercado. A autoridade monetária aguarda uma definição para reagir adequadamente.

Apesar da sensibilidade do mercado financeiro global a dados econômicos dos Estados Unidos e às declarações do Federal Reserve (Fed), o Brasil está em uma posição menos frágil que outros países emergentes devido às contas externas sólidas. O país recebe um alto volume de dólares devido às exportações, o que ameniza a situação mesmo diante da alta da moeda norte-americana.

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Sobre o futuro da Taxa Selic, Campos Neto indicou que a decisão dependerá do nível de incerteza na economia global. A Selic está atualmente em 10,75% ao ano, após seis cortes consecutivos de 0,5 ponto desde agosto do ano passado. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrerá em maio.

O mercado financeiro teve um dia de estabilidade, com o dólar comercial encerrando a R$ 5,25 e a bolsa de valores de São Paulo fechando com leve alta após um período de instabilidade. As declarações refletem a cautela e a atenção do governo diante do cenário econômico global em constante mudança.