por Agenor Duque
Publicado em 28/09/2023, às 06h36
Emergiu dos arquivos documentais do Vaticano, uma carta que lança uma luz penetrante sobre o controverso papel do Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial. Datada de dezembro de 1942 e redigida por um destemido padre alemão que se opunha veementemente ao regime nazista, a carta desvela um capítulo sombrio na relação do Papa com os horrores do Holocausto e detalha os campos de extermínio de Auschwitz e Belzec, situados na Polônia ocupada pelos alemães, fornecendo descrições vívidas dos crematórios em Belzec. Nesses locais, estima-se que até 6 mil pessoas perdiam a vida diariamente, sendo a maioria delas polonesas e judias. Esse achado de extrema relevância foi realizado pelo arquivista do Vaticano, Giovanni Coco, e está prestes a ser publicado em um livro acadêmico sobre o pontificado de Pio XII.
A revelação dessa carta ressurge como um elemento importante no longo debate acerca do silêncio de Pio XII diante do genocídio nazista dos judeus. Enquanto Pio XII fez alusões indiretas às atrocidades nazistas em seus discursos públicos, nunca condenou explicitamente a Alemanha, tampouco mencionou diretamente o destino dos judeus. Os defensores de Pio XII argumentam que ele acreditava que uma condenação explícita poderia piorar ainda mais a situação dos judeus e da Igreja Católica. Em vez disso, ele teria aprovado secretamente os esforços das autoridades eclesiásticas para ajudar os judeus na Itália e em outros países europeus.
No entanto, suas motivações são seriamente questionáveis e demonstram que ele temia retaliações nazistas ao estar firmemente comprometido com a política de neutralidade do Vaticano em conflitos internacionais. Esse debate perdura há décadas e influenciou os esforços do Vaticano para estabelecer um diálogo com a comunidade judaica, mesmo após uma declaração do Concílio Vaticano Segundo, em 1965, que repudiava o antissemitismo.
O legado de Pio XII também tem sido objeto de controvérsia no processo de avaliação de sua canonização, e fica ainda mais complicado depois da abertura dos arquivos do Vaticano pelo Papa Francisco em 2020. Uma conferência acadêmica em Roma, patrocinada pelo Vaticano, reunirá pesquisadores de ambos os lados do debate sobre a postura de Pio XII durante os tempos de guerra, prometendo um novo capítulo na complexa história desse Papa controverso. A divulgação dessa carta revela o amplo conhecimento do Papa sobre as tentativas nazistas de exterminar os judeus europeus desde o início da tragédia. Sua falta de condenação clara do extermínio judaico, apesar de possuir conhecimento da brutalidade que estava ocorrendo, tem gerado questionamentos sobre sua postura durante esse período histórico conturbado.
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